por João Batista Lemos – Presidente Estadual do Partido Comunista do Brasil – PCdoB.
Camaradas, dirijo-me à Militância tendo claro que este título “militante” é o que todo comunista mais se orgulha em ter. Estamos vivendo uma situação muito singular, de outra temporalidade, num tempo diferente, sob um governo que estabelece o obscurantismo e o negacionismo, para garantir os interesses dos seus, rentistas, da elite brasileira e do imperialismo estadunidense.
Refiro-me, primeiramente, ao nosso povo trabalhador, que heroicamente e com muita criatividade e trabalho sobrevive ao obscurantismo, a crise social e a pandemia, sobre tudo nosso povo Fluminense, a maioria dos brasileiros, contudo, não tem como ficar em casa. São 120 milhões que ganham menos de dois salários mínimos por mês, ( ainda somente aqueles que tem vínculos empregatícios). Precisam ir à rua para garantir o pão de cada dia. Ou trabalham em serviços essenciais e não tem alternativas. Muitos dividem a habitação precária com outras tantas pessoas, e sequer dispõe de saneamento básico. Esse contingente de empobrecidos (sim, porque não escolheram ser pobres, induzidos pela estrutura social injusta, como diz Frei Beto) não pode ficar em casa, e ainda se aglomeram em ônibus, metrô e trens. São as principais vítimas da pandemia. Quando infectados, não tem como recorrer a médicos. E os serviços públicos de saúde tardam em socorrê-los ou fazem atendimento precário como mostra o noticiário cotidiano.
Mas as contradições em 2021 tendem a se agravar e as grandes massas aprendem com suas próprias experiências, embora não espontaneamente, pois vivem um temporal de idéias atrasadas e conservadoras, pelas mídias, setores das igrejas pentecostais, e outras instituições da sociedade civil, quando não a ação coercitiva do estado, reproduzem a o fundamentalismo, meritocracia, as saídas individuais, competitivas, pós – modernas e disseminam também o identitarismo. Estas são formas de amortecer e fragmentar a luta de classes, enfraquecê-la como forma de dominação.
Com o isolamento social agrava-se este estado de coisas. Por isto também para salvar vidas além de uma forte campanha pela a “Vacina já!” – universalizada pelo o SUS, a manutenção do auxílio emergencial, pelo emprego, se faz necessário fortalecer a Frente Ampla de Salvação do Brasil e de nosso estado ERJ para derrotar o governo Bolsonaro com sua necropolítica, anti-povo e anti-nacional.
Os movimentos de massas se desenvolvem com fluxos e refluxos, em um movimento de espiral e em saltos. O nosso papel é ajudar as massas a realizarem e se educarem politicamente pelas suas próprias experiências, neste sentido que se faz necessário encontramos uma nova linha de massas, sempre partindo de seus setores mais avançados e sensíveis da sociedade à partir das bases, de baixo para cima, hoje notadamente, da classe trabalhadora, juventude, mulheres e da luta anti racista através de seus movimentos de pretas e pretos e de forças da Cultura. Se preparar para a luta, saindo da defensiva para a resistência em 2021 e conforme o curso dos acontecimentos passar para a ofensiva.
As massas populares são o sujeito da história, quando adquirem consciência social independente passa a ser força decisiva na luta pela revolução social, multidões nas ruas, assim que a vejo, o fator consciente para a sua direção, são as organizações políticas revolucionárias e progressistas, urge construir no bojo da Frente Ampla a frente política e social para unir o povo, urge revigorar o partido e repensar as organizações sociais.
Por isto a sobrevivência institucional de nosso partido é vital para a democracia e para a luta das massas populares por melhores dias, muita ciência e arte, ao combinar a luta parlamentar e extra parlamentar, são necessárias para fortalecer o partido do Socialismo. Dedico algumas estrofes que nos inspiram neste momento: que destaca o papel, consciente, orgânico e coletivo sobre o Partido, com textos de um poema de Maiakovski dedicado Vladimir ILitch Lênin, o maior dirigente da primeira revolução proletária da história da humanidade :
“Quero fazer brilhar novamente a majestosíssima palavra “Partido”. Uma unidade! quem dela precisa?! (…) O Partido é um furacão único, prensado de vozes baixas e finas, ele rompe os reforços do inimigo, como os tímpanos no bombardeio. (…) O Partido – é uma mão de muitos dedos, cerrada num único punho ameaçador. (…) O Partido é um milhão de ombros um a um unidos estreitamente. Elevaremos ao céu as fileiras do Partido, apoiando e levantando uns aos outros. O Partido – é a espinha dorsal da classe trabalhadora. O Partido – é a imortalidade de nossa causa. (…) O cérebro da classe, a causa da classe – eis o que é o Partido.”
Camaradas, podemos mudar formas para a legenda eleitoral, para criar as melhores condições para a luta do povo brasileiro neste novo tempo, do séc. XXI, mas nunca perder o nosso caráter de classe, a nossa convicção revolucionária, a nossa razão de ser, porque a vida não pára, e o partido sem o povo se burocratiza, perde seu sentido histórico. Pois é o fator da sua consciência transformadora.
O ser humano na luta pela sobrevivência desenvolveu sua inteligência, inteligência produz conhecimento. O conhecimento com seu acúmulo social trouxeram a ciência. E agora é o momento de confiar na ciência. Apesar das incertezas temos que ter esperanças, lembremos do Emicida no belo documentário: “Amarelo, É tudo para ontem” que nos diz que a jornada de luta e esperança faz ainda mais sentido neste ano: perante uma pandemia, em muitos momentos a única coisa que nos resta é a esperança de tudo passar e melhorar.
Encerro desejando boas festa a todos (as), que se cuidem da pandemia, que nos recomponha e renove nossas energias e esperanças, e um Novo Ano à toda nossa valorosa militância e seus quadros, espinha dorsal do partido e da revolução, como assinala Che Guevara e, como percorreu em nosso último Congresso: “Faz escuro mais eu canto porque a manhã vai chegar, vem ver comigo companheiros e companheiras a cor do mundo mudar…” (Thiago de Mello)