A deputada estadual do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Enfermeira Rejane, é candidata a vice-prefeita do Rio de Janeiro ao lado de Benedita da Silva na coligação “É A VEZ DO POVO” (PT-PCdoB).
Enfermeira Rejane concedeu uma entrevista ao Portal PCdoB-RJ e fez duras críticas à gestão de Marcelo Crivella na prefeitura da capital, sobretudo, na área da Saúde.
A candidata a vice-prefeita também destacou as ações prioritárias que precisam ser executadas no município, como – por exemplo – a implementação de um programa de renda mínima e a criação de um mutirão para gerar pelo menos 100 mil empregos no Rio de Janeiro e desenvolver a infraestrutura da cidade.
Enfermeira Rejane falou sobre as propostas para a gestão da Saúde Pública no município, reforçando a importância da valorização dos profissionais. A deputada ainda salientou a relevância das eleições desse ano para a disputa eleitoral de 2022 e destacou a luta dos comunistas para retomarem o seu lugar na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro.
Confira a entrevista na íntegra:
Qual a sua avaliação da gestão de Marcelo Crivella na prefeitura do Rio de Janeiro?
R: Crivella não conhecia o Rio de Janeiro e desde o início tratou a cidade como se fosse um espaço da igreja evangélica, principalmente na área da Saúde. Prometeu cuidar das pessoas, mas não foi isso que aconteceu. Deixou a população e os trabalhadores desassistidos. Em três anos, fechou clínicas da família, não abriu as clínicas de especialidade, demitiu milhares de profissionais, atrasou salários, não olhou pela saúde das mulheres, acabou com a Secretaria de Mulheres e deixou as filas nos hospitais crescerem virtualmente. Se serviu de ingerência política para beneficiar seus correligionários no famoso caso do “fala com a Márcia” e da instalação de tomógrafo em pátio de templo, entre tantas outras situações que se tornaram inclusive imbróglios judiciais. Com a pandemia, o que já estava ruim, se tornou um verdadeiro caos. Crivella foi omisso em relação às medidas sanitárias que deveriam ter sido adotadas, deixando o Rio de Janeiro ser um dos municípios com maior índice de contaminação e mortes por Coronavírus. Afundou o Rio em uma crise sanitária sem precedentes. Isso porque estou me referindo somente à saúde. Mas a gestão foi das piores. Não investiu na educação, na limpeza urbana, das encostas, em conservação! A cidade está um lixão!
Quais as ações prioritárias que devem ser executadas na capital fluminense a partir de 2021?
R: O Rio precisa de uma Prefeita que olhe a cidade com carinho, que proteja a sua população e, especialmente, que tenha disposição e coragem! A cidade precisa de muitas intervenções, em dois momentos. Primeiramente, de imediato, instituindo programas emergenciais. As pessoas estão nas ruas, sem emprego, sem teto! É implementar um programa de renda mínima, de R$100,00 (cem reais) complementando o Bolsa Família, uma linha especial de assistência, encaminhada especialmente aos cariocas de baixa renda. Outra proposta é instituir um mutirão para criar 100 mil empregos a curto prazo. São mutirões de conservação, limpeza nas favelas, financiamento às cooperativas de reciclagem, micro confecções, agricultura familiar. Estes e outros programas que empregam pessoas e melhoram as condições de infraestrutura da cidade. No combate à fome, credenciaremos bares e restaurantes para fornecer refeições populares. Esse setor emprega centenas de pessoas. Em outro momento, temos propostas estruturantes. Dou como exemplo a criação da moeda social, que vai desenvolver a economia em todas as favelas, incentivando o comércio e os serviços locais. Vai revitalizar e fazer girar a economia. Vamos levar aos bairros às margens da Avenida Brasil urbanização, saneamento, cultura, saúde, educação, equipamentos e serviços que o poder público tem o dever de ofertar. Essas áreas serão tornadas atraentes para que indústrias e empresas se instalem na região. Outro ponto estruturante é restabelecer de fato uma política voltada às mulheres. Reabrindo a Secretaria Municipal de Mulheres, dotando as creches existentes com profissionais qualificados e funcionando em horário integral. E sempre com olhar voltado à saúde das cariocas, entendendo a integralidade da assistência desde o período gravídico à mulher madura, que tem questões bastante específicas, como aparecimento de miomas, endometriose e outros problemas dessa faixa etária.
Você tem uma forte trajetória de luta em defesa da Saúde Pública e dos profissionais da Enfermagem. Quais as principais medidas que devem ser adotadas na gestão da Saúde no município?
R: Primeiro, é preciso tratar a saúde entendendo que temos 4 pilares: financiamento; investimento – que deve ser acima do percentual determinado na Constituição; gestão direta das redes – a gestão tem de ser própria, não se pode trabalhar com organizações sociais. No máximo, com uma fundação; e recursos humanos – estes, contratados por concurso público. Não podemos entregar isso a uma rede privada, que explora os trabalhadores. Temos de valorizar esses servidores, tratar com respeito, implementar um Plano de Cargo, carreira e salário. Tem que ter carinho com os funcionários. Hoje, são escorraçados, tratados com desprezo. Vamos reativar também os conselhos de saúde. A sociedade tem de ser ouvida! É fundamental para tratarmos a saúde!!! Quanto à Enfermagem, é uma categoria de trabalhadores muito massacrada. Explorada pelos patrões, pelas Organizações sociais e, quando servidores, pelo próprio poder público. Tem vínculos precários, uma jornada extensiva, salários irrisórios, sem piso salarial e carga horária estabelecidas nacionalmente. Um leque de desvalorização que beira à desumanidade. Mesmo tendo tido um papel fundamental agora na pandemia. Viraram anjos de asas, super heróis, foram aplaudidos, mas no fundo, são trabalhadores sobrecarregados lutando para salvar a vida de terceiros. Os profissionais de enfermagem e da saúde clamam por um plano de cargos, carreira e salários, por adicionais de insalubridade, adicional noturno, auxílios transporte e alimentação. De verdade? Querem dignidade.
O PCdoB lançou uma chapa ampla e plural para disputar as vagas da Câmara Municipal do Rio. Qual a importância dessa luta para eleger vereadoras e vereadores comunistas em 2020?
R:O PCdoB tem um trabalho extraordinário nos movimentos sociais, que eu considero fundamental por estar em todos os segmentos: trabalhadores, estudantes, mulheres, juventude, negro. O trabalho social feito pelo Partido é gigantesco e isso tem que ser fazer traduzir nesta chapa ampla que construímos. Muitas pessoas encontraram no PCdoB um partido ético, que tem duas cariocas no parlamento: uma deputada federal e uma deputada estadual, que têm a cabeça erguida no que elas representam nos espaços legislativos. Isso fez com que a militância procurasse o partido para se candidatar. É o resultado de todo o trabalho que temos realizado junto à sociedade A importância de eleger comunistas para a Câmara é voltarmos a ter uma representatividade institucional dentro do parlamento municipal. Estamos confiantes de que vamos voltar a ter!
Como as eleições deste ano podem influenciar a grande batalha eleitoral de 2022?
As eleições desse ano são uma prévia para 2022. Estamos acompanhando o clamor da sociedade pelo avanço nas políticas sociais, da importância que é termos governantes que se comprometam com os mais necessitados. Isso está sendo inclusive sinalizado mundialmente, com o resultado das urnas. É fundamental que o Rio de Janeiro mostre isso ao mundo! Precisamos pensar 2022 como um projeto de virada, que tire o País das trevas que se instalou no governo federal, que menospreza as minorias. Tenho certeza de que se a esquerda ganhar no Rio de Janeiro, faremos um governo excepcional, mesmo com todas as dificuldades e oposição que sabemos que vamos ter. Mas, sabemos também, que mulheres e negras têm uma competência muito grande e uma luta constante que está no sangue, que vem de dentro da alma!!! A gente tem certeza que ganhando a cidade, o Rio de Janeiro será vitrine para o Brasil e para o mundo, mostrando que é possível, sim, fazer uma política civilizatória para uma cidade mais justa socialmente.