Por Rodrigo Weisz e Theófilo Rodrigues
Cidade cosmopolita, espaço da diversidade e de experiências políticas inovadoras como os Conselhos Governo-Comunidade na gestão de Saturnino Braga e Jó Rezende em fins da década de 1980, o Rio de Janeiro se tornou nos últimos anos a capital do conservadorismo brasileiro. Com Marcelo Crivella (PRB) na prefeitura da cidade, Wilson Witzel (PSC) no governo do estado, Rodrigo Maia (DEM) na presidência da Câmara dos Deputados e Jair Bolsonaro (PSL) na presidência da República, o Rio é hoje o berço das ideias atrasadas que tomaram conta de todo o Brasil.
O que a eleição municipal de 2020 nos oferece é a possibilidade concreta de virar esse jogo. Não obstante as pesquisas de opinião indiquem que o atual prefeito Crivella e o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) estejam na liderança da corrida eleitoral, as mesmas pesquisas também apresentam as fortes chances das candidatas do campo popular democrático de chegarem ao segundo turno e até mesmo vencer as eleições. Benedita da Silva (PT-PCdoB) e Martha Rocha (PDT-PSB) praticamente empatam com Crivella e podem com algum esforço ultrapassar o atual prefeito nas próximas duas semanas.
Infelizmente, por diversas razões que não cabem ser esmiuçadas, a unidade eleitoral entre os partidos de esquerda não foi possível no Rio de Janeiro. Nós, do PCdoB, envidamos todas as energias possíveis nessa direção. Sempre dissemos, em documentos, resoluções, e intervenções públicas, que o melhor para a cidade seria uma Frente Ampla de todos esses partidos, com a inclusão de até mesmo outros mais ao centro do espectro político, no embate contra as forças conservadoras representadas na chapa Crivella-Bolsonaro. Não obtivemos sucesso e nosso campo começou a eleição em setembro com três candidaturas legítimas: Benedita, Martha e Renata Souza (PSOL).
A unidade eleitoral, como dissemos, não foi construída. Mas isso não significa dizer que uma unidade política entre essas três candidaturas não possa existir. No entanto, não é isso o que temos assistido. Nas ruas e nas redes, lideranças políticas dos partidos das três candidatas se atacam mutuamente. Como se, para chegar ao segundo turno, fosse necessário atacar a companheira que pertence ao nosso mesmo campo. Nessa luta interna fratricida do campo progressista, quem sorri e festeja é a entourage de Crivella.
O chamado que nós, do PCdoB, fazemos aos companheiros do PT, do PDT, do PSB e do PSOL é para que cessem os ataques mútuos entre nossas candidaturas. Se somarmos nossas forças e priorizarmos a denúncia contra o desgoverno reacionário de Crivella, ele certamente estará fora do segundo turno. Nós, do PCdoB, estamos na campanha de Benedita da Silva e batalhamos para que ela vá ao segundo turno e vença a eleição. Mas, se por acaso outra candidatura progressista lá estiver, como Renata ou Martha, também contará com nosso mesmo entusiástico apoio.
Não tenhamos dúvida de que nossa vitória é possível. Ela depende apenas da nossa construção coletiva, generosa e fraterna. Em 2020, vamos reconquistar o Rio de Janeiro para em 2022 reconquistar o Brasil.
Rodrigo Weisz é presidente municipal do PCdoB no Rio de Janeiro
Theófilo Rodrigues é dirigente do PCdoB no Rio de Janeiro
Publicado em O Cafezinho.