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*Por Leonardo Guimarães*

 

Estamos no período de convenções eleitorais partidárias em que os partidos definem sua tática para as eleições de 2020. O PCdoB vai consolidando um projeto robusto: candidaturas à prefeitura de quinze capitais (Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória, Salvador, Maceió, Natal, Fortaleza, São Luis, Campo Grande, Palmas, Porto Velho, Manaus). É uma nova tática partidária de lançar muitos candidatos a prefeitura, aumentar os votos em legenda para fortalecer as chapas proporcionais, apresentar o partido ao povo no 1º turno. Chances reais em Porto Alegre com Manu. A tática é necessária pós reforma política que indicou o fim das coligações proporcionais e com a ameaça antidemocrática da cláusula de barreira de 2022.

No RJ, o projeto é ousado. Candidaturas próprias na capital, São Gonçalo, Campos, Volta Redonda, Resende, Angra dos Reis, Petrópolis, Belford Roxo, Duque de Caxias, Queimados, Barra do Piraí entre outras. Mais de 20 cidades do RJ terão candidatos prefeitos comunistas. Fortalecer a identidade do partido, montar chapas próprias pra proporcional, construir uma ampla unidade priorizando as alianças amplas antibolsonaristas.

Sou do PCdoB há quase 10 anos e sempre, nessa época, começam as provocações. Seja da turma que defende a tática da “frente de esquerda”, seja dos hipócritas: “Lá em Culhões da Serra em Mato Grosso do Norte, PCdoB tá na chapa com PSDB/PSL/MDB/PP. Absurdo! Muda de nome PCdoB!”. Todo ano a mesma coisa. Sobre isso, algumas opiniões:

1- O PCdoB não adota a tática eleitoral da frente de esquerda. Há uma orientação pela prioridade na construção de alianças com PT, PSOL, PSB, PDT, Rede e partidos do campo progressista e democrático. Mas não é verdade que a frente de esquerda por si só gera o crescimento da identidade partidária e de suas fileiras (tá ai PSTU, PCO e PCB pra provar que só isso não basta);
2- O PCdoB defende a mais ampla unidade em defesa da vida, da saúde, da democracia e dos empregos. Por vezes, essas palavras de ordem extrapolam as legendas da esquerda;
3- O Brasil é gigantesco e a política partidária não é linear, em especial nas pequenas cidades. A política em muitas regiões é a disputa de pessoas que transitam em vários partidos. Partidos de aluguel, tanto da direita quanto da esquerda, a serviço de alguns grupos políticos. Como diria Tancredo Neves: entre a bíblia e o capital, alguns ficam com o Diário Oficial. É a realidade na maioria dos municípios e aplicar lógicas nacionais a realidades locais é uma análise pouco materialista;
4- Brecht fala um negócio importante: “Mas quem é o partido? Ele fica sentado em uma casa com telefones? Seus pensamentos são secretos, suas decisões desconhecidas? Quem é ele? Nós somos ele. Você, eu, vocês – nós todos.
Ele veste sua roupa, camarada, e pensa com a sua cabeça”. Quero dizer com isso que, por vezes, o partido erra na sua tática eleitoral. É um desafio que o PCdoB se propõe desde o 12º Congresso ser um partido comunista de massa. E isso vem com muitras contradições. Um Comitê pragmático demais, dificuldade no acompanhamento do Comitê Estadual na orientação sobre política de aliança, uma realidade contraditória no município em que é difícil apontar os principais inimigos, pouca estruturação para lançar chapa própria. Nada disso deve nos afastar de construir e enfrentar todas as contradições (externas e internas ao partido) da luta coletiva que aponte a construção de um novo mundo, superior ao capitalismo.

Partidos pra oportunistas tem vários. Não há grandes motivos para esses escolherem logo aquele que carrega na sua bandeira a foice e o martelo e o nome comunista num país tão marcardo pelo Macartismo. Sem cair em provacações, vamos às urnas, apresentar nosso programa, galgar posições dentro do Estado burguês, enfrentar o bolsonarismo, projetar lideranças populares e organizar o povo.

 

*Presidente da UJS RJ e membro da Comissão Política Estadual do PCdoB RJ