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Em um ambiente de profunda unidade, combatividade e compromisso com a transformação social, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil no Rio de Janeiro (CTB-RJ) encerrou neste sábado (31), no auditório do Sindicato dos Estivadores do Rio de Janeiro, seu VI Congresso Estadual. Com a presença de uma delegação robusta composta por centneas de delegados e delegadas – sendo 40% mulheres – vindos de todas as regiões do estado, o congresso consolidou a CTB-RJ como um dos principais instrumentos de articulação das lutas da classe trabalhadora fluminense frente à crise política, econômica e social que atravessa o país e o desgoverno que sofre o Rio de Janeiro.

O congresso elegeu Paulo Sérgio Farias, por unanimidade para um terceiro mandato à frente da entidade. Sua condução firme e comprometida com as causas populares foi reconhecida amplamente pelos delegados e delegadas que aclamaram a reeleição com a maesma unidade que por unanimidade aprovaram as resoluções, moções e delegação ao congresso nacional da entidade..

Durante os dois dias de intensas discussões, o plenário aprovou resoluções estratégicas em defesa da água pública, do SUS e da rede federal de hospitais no Rio de Janeiro, que sofre tentativas de fatiamento e privatização. Foi também aprovada, com ênfase, a pauta pelo fim da exaustiva e precarizante escala de trabalho 6×1, denunciada como uma violação contínua dos direitos trabalhistas, especialmente nas áreas do comércio e dos serviços.

“A classe trabalhadora do Rio de Janeiro está dizendo basta. Estamos cansados de ver nossos direitos sendo atacados, a água sendo transformada em mercadoria, o SUS sendo desmantelado, o povo periférico abandonado. O que estamos construindo aqui é um projeto de enfrentamento e reconstrução”, afirmou Paulo Sérgio Farias.

O presidente reeleito também anunciou que, em articulação com as centrais sindicais, está sendo construído o Encontro da Classe Trabalhadora do Rio de Janeiro, previsto para abril de 2026. “Estamos lançando aqui uma proposta ousada: construir o Encontro da Classe Trabalhadora do Rio de Janeiro para eleger uma plataforma política e disputar os rumos do país. Vamos lançar um desafio: realizar, no próximo ano, um 1º de Maio unitário com a presença do presidente Lula no Rio. Esse é o nosso compromisso com a reconstrução democrática e popular”, declarou Farias.

Em sua fala de encerramento, Farias reafirmou o papel da CTB como uma central de base ampla, comprometida com a diversidade do mundo do trabalho e com a construção de uma frente política popular. “Nós, que somos chamados de sindicalistas, somos antes de tudo trabalhadores. Chegamos a 2025 sendo a maior central sindical do Rio de Janeiro. Isso nos impõe a responsabilidade de sermos referência, de seguirmos com coragem e organização para enfrentar a extrema direita que ainda ameaça o Brasil”, destacou.

Um dos pontos mais marcantes do congresso foi a denúncia veemente do racismo estrutural, com destaque para a atuação da Secretaria de Combate ao Racismo da CTB-RJ. Farias rememorou o assassinato brutal do jovem negro Júlio César em 2020 e destacou a continuidade da luta por justiça: “Nossa memória não vai apagar o sorriso de Júlio. Eles não passarão. Vamos seguir lutando pela paz, pela vida livre e contra esse sistema que mata nossa juventude negra. O combate ao racismo está no centro da nossa pauta.”

Outro momento de grande emoção foi a homenagem aos sindicatos filiados, com destaquepara o Sindsprev e o Sindicato dos Servidores Públicos de Paraty, entre outros, que seguem na linha de frente das batalhas em defesa do serviço público e dos direitos dos trabalhadores.

A pluralidade política e o enraizamento da CTB-RJ nos movimentos sociais e nas bases sindicais ficou evidente com a presença de dirigentes estaduais de partidos como o PT, o PDT e o PCdoB – cuja presidenta nacional, Luciana Santos, enviou uma saudação em vídeo. Entre os participantes, também estiveram autoridades políticas, lideranças partidárias e representantes de diversos movimentos sociais, evidenciando o prestígio da Central no cenário estadual e nacional.

O presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, destacou os desafios da conjuntura política e o papel estratégico da central

“Estamos diante de uma crise global do sistema capitalista. Mas como dizia Gramsci, o desafio da modernidade é viver sem ilusões, nem desilusões. Se queremos transformar, temos que acreditar. A CTB cresce no calor da luta. E esse congresso mostra a nossa capacidade de resistência, de construção e de mobilização.”

João Batista Lemos, ex-presidente do PCdoB, membro fundador da CTB e ex-dirigente da Federação Sindical Mundial (FSM), emocionou o plenário ao defender a centralidade da formação política:

“É uma guerra cultural contra as ideias do povo. Quem dirige uma central como a CTB tem a responsabilidade de disputar corações e mentes. Temos que crescer para a base, crescer nos locais de trabalho e nos territórios. Viva a classe trabalhadora, viva a CTB e viva o socialismo!”

Já a deputada estadual e presidenta do Coren-RJ, Lilian Behring (PCdoB), ressaltou a importância do fortalecimento das lutas da enfermagem e da saúde pública, colocando seu mandato à disposição do movimento sindical:

“Estou deputada porque a enfermagem e a saúde me colocaram nesse lugar. E quero retribuir isso com trabalho. Em apenas três meses de mandato, já aprovamos projetos importantes como o do primeiro emprego para a enfermagem. Estou ao lado da CTB, dos sindicatos da saúde e da luta por dignidade para os trabalhadores.”

Além das resoluções políticas e das discussões temáticas, o congresso aprovou moções de repúdio à privatização da Cedae, ao desmonte da rede pública de saúde e à ofensiva contra os direitos trabalhistas, além de defender o descongelamento imediato do piso salarial regional do Rio de Janeiro, que segue sendo corroído pela inflação.

Farias encerrou sua fala com uma conclamação à luta coletiva e à mobilização unitária da classe trabalhadora:

“Não podemos nos enganar com os retrocessos recentes. Sofremos uma avalanche de mentiras, fake news e manipulação que jogou o Brasil numa sombra difícil de atravessar. Mas resistimos. Mesmo com a eleição do presidente Lula, seguimos enfrentando um Congresso hostil. Por isso, essa unidade que estamos construindo aqui é fundamental para derrotar a extrema direita nas próximas eleições – tanto no Brasil quanto no Rio de Janeiro.”

A noite de sábado terminou com um ato cultural na Praça da Harmonia, com roda de samba, confraternização popular e o espírito vivo da cultura de resistência. Como destacou Paulo Sérgio Farias:
“Fazer política é também celebrar nossa cultura, nossa história e nosso povo. E esse samba que encerra nosso congresso é parte dessa luta por um Brasil mais justo, democrático e popular. CTB, a luta é para valer!”

A nova direção eleita, com significativa renovação e expressiva presença de mulheres, sinaliza o compromisso da entidade com a ampliação da participação popular, a democracia interna e a radicalização das lutas sociais. A CTB-RJ sai desse congresso fortalecida, unificada e mobilizada – pronta para disputar o futuro.

*José Roberto Medeiros (CTB-RJ)