Confira a entrevista com o Secretário Estadual, Antônio Carlos, sobre a 1ª Conferencia Nacional de Combate ao Racismo do PCdoB.
1. Quais os principais pontos debatidos e os encaminhamentos da Conferência?
Em seus 101 anos de existência, o PCdoB realiza uma Conferência – reunindo todo o coletivo partidário – para debater e aprovar uma linha política consensuada, que una o nosso Partido, sobre um tema da maior importância estratégica, considerando a formação histórica, cultural e econômica do nosso País – o Brasil – e a sua trajetória ao longo do tempo desde a época da colonização até a atualidade. Esta Conferência foi aprovada no 13º Congresso do PCdoB e ratificada nos Congressos posteriores e finalmente, estamos agora realizando os seus trabalhos. É um esforço grande da militância do partido e em particular dos e das camaradas que atuam na Frente de Antirracista, destacando a nossa camarada Olivia Santana, Secretária Nacional de Combate ao Racismo do PCdoB e o camarada Edson França, presidente em exercício da UNEGRO, e também dos membros do Comitê Central, das demais instâncias partidárias e sob o comando da nossa presidenta Luciana Santos. É um encontro singular entre as organizações e partidos do nosso campo. Já há algum tempo consolidamos entre nós, os comunistas do PCdoB, a ideia de que o capitalismo no Brasil se estabelece a partir da acumulação primitiva produzida pelos frutos do trabalho forçado de milhões de trabalhadores escravizados trazidos de África ao longo de mais de 350 anos, um processo de grande violência e que gerou um país com uma forte presença na cultura e no nosso jeito de ser da contribuição dessas nações, povos e etnias africanos. Esse processo de escravização deixou um legado perverso: um racismo que permeia estruturalmente a nossa sociedade e que explica a presença em todos os indicadores e estatísticas a enorme desigualdade e defasagem enfrentada por negros e pardos, maioria esmagadora da nossa classe trabalhadora, nos quesitos desemprego, moradia, educação, saúde, etc. Enfim, já temos uma definição de que para enfrentar esse problema é preciso combinar na nossa analise o trinômio raça-classe-gênero enquanto abordagem no aspecto científico e marxista, teórico-prático da nossa formação histórico-social. Resumindo, a Tese, o Documento Base tem um aspecto histórico, onde analisa a evolução do nosso País e do nosso Partido à luz desse debate e considerado a nossa realidade, com a enorme desigualdade social, o enfrentamento à violência que ceifa a vida da nossa juventude e a situação das mulheres negras que estão na base da pirâmide social.
2. Qual a importância dessa Conferência para fortalecer o protagonismo do PCdoB na luta antirracista?
Esta Conferência se soma aos esforços de contribuir na elaboração de um Novo Projeto de Desenvolvimento para o Brasil, a nossa versão de um programa para a resolução dos problemas enfrentados pelo nossa população e principalmente a classe trabalhadora na superação dos entraves ao nosso desenvolvimento. Marca também um chamado a revolucionarização da atuação dos comunistas no quadro de um governo de Frente Ampla, com a missão de unir e reconstruir o Brasil após os seis anos dos desgovernos ultraneoliberais de Temer e Bolsonaro, que trouxeram perdas de diretos, desregulamentação e profundo retrocesso nas instituições e nos níveis de democracia em nosso país. Nosso Partido vai estar com as energias renovadas e munido de propostas para melhor enfrentar as demandas e os reclamos no seio do povo por mais e melhores políticas públicas que deem conta dos agudos problemas enfrentados cotidianamente por nossa população. As resoluções que emergirem desses debates irão balizar a nossa atuação não apenas nas lutas do Movimento Negro, mas nos impactos e consequências nas diversas frentes da luta de massas no nosso país. Inaugura-se uma fase nova onde a transversalidade dos aspectos e das repercussões do racismo estrutural na nossa sociedade serão considerados e enfrentados. Como por exemplo o problema da sub-representação ou invisibilidade da presença de negras e negros no espaços de poder e decisão nos parlamentos, assembleias e no Congresso Nacional e demais poderes da república, instancias de direção partidária, listas de candidaturas, etc.
3. Como foi participação da bancada do Rio de Janeiro na Conferência?
A Conferência iniciou-se na última sexta-feira, dia 4 de agosto, seguindo no sábado dia 5 e se encerrará no próximo dia 12. Na nossa Plenária Estadual aprovamos uma delegação composta por 55 delegadas e delegados, são dirigentes e quadros de diversas cidades do nosso estado do Rio de Janeiro. Destacando ainda membros do Comitê Central que atuam no estado. No processo que construiu a Plenária Estadual mobilizamos cerca de 28 municípios em encontros presenciais e virtuais que reuniram em torno de 300 militantes e filiados que elegeram cerca de 150 delegados para a Etapa Estadual, realizada no dia 15 de julho e que contou com a participação da nossa Secretária Nacional, Olivia Santana. A Conferencia prossegue e aguardamos a chegada do dia 12, onde aprovaremos um Plano de Lutas que trará orientações para toda a nossa militância e vai nortear as nossas ações e proposições. Aproveito para reforçar aos nossos e nossas delegadas que participem e contribuam ainda mais nos trabalhos do próximo sábado, dia 12 que vem.