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Na manhã da última terça-feira (7), dezenas de servidores da Nuclep (Nuclebrás Equipamentos Pesados) entraram em greve. A empresa é especializada na fabricação de componentes para os setores nuclear, óleo e gás, energia e defesa.

Foi realizado o ato de greve na porta da
companhia, em Itaguaí, para protestar contra a redução de salários imposta a 97 servidores de carreira da empresa. A manifestação foi liderada pelo Sindimetal-Rio (Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro).

A greve é para contestar a redução de até 70% nos salários desses servidores. A medida é resultado de um relatório apresentado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), após auditoria interna realizada em 2018. O TCU aponta supostas irregularidades na progressão das carreiras
desses servidores desde 1993, e recomendou que a empresa investigue os casos. O fato é que essas progressões só foram aprovadas após um processo interno iniciado pela chefia imediata, junto a gerência dos respectivos setores de cada servidor, passando por avaliação de uma comissão de carreiras e do jurídico da própria companhia. Vale ressaltar, que
esses processos de progressão funcional, após todo esse trâmite interno, ainda foram
aprovados por uma reunião de diretoria executiva da estatal e encaminhado para o DEST (Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais), seguindo assim para os ministérios da Ciência e Tecnologia e do Planejamento, onde foram analisados e chancelados.

Apesar das diversas tentativas dos servidores, a empresa não tomou qualquer medida para reverter a situação. Sem possibilidade de diálogo, os servidores decidiram no dia 31/5 pelo estado de greve.

A Nuclep chegou a entrar em contato com o Sindimetal-Rio, que representa a categoria, depois disso houve uma audiência de conciliação e os representantes sindicais
pediram que a empresa se comprometesse em não reduzir o salário dos servidores até que a ação transite em julgado. Mas, para a surpresa das entidades que representam os servidores, a Nuclep manteve a redução levando ao limite a situação dos servidores qualificados que se dedicam à obras estratégicas da soberania nacional e que sofrem com este processo há quatro
anos.

Durante a manifestação, a Nuclep, em mais um ato anti-sindical,  ameaçou com
demissão os funcionários de empresas terceirizadas que aderiram à greve em apoio aos servidores da estatal, até porque muitos desses trabalhadores terceirizados, se encontram com salários atrasados, falta de recolhimento de FGTS, dentre outros diretos trabalhistas garantidos pela CLT.

O Sindimetal-Rio repudia esta ação da direção da empresa e enfatiza que
a greve é um direito. “A Nuclep quer reduzir drasticamente os salários dos servidores , mas isso não vamos aceitar. A categoria está unida e vamos manter a greve até que a direção da empresa mude sua posição”, disse Jesus Cardoso, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos.

Nesta segunda-feira (13), foi realizado um grande ato em solidariedade aos trabalhadores da Nuclep em greve e ao Sindimetal-Rio.

O presidente da CTB-RJ, Paulo Farias, levou o apoio da central à justa luta dos metalúrgicos e contra as práticas antissindicais promovidas pela direção da empresa:

“A CTB manifesta total solidariedade ao Sindicato dos Metalúrgicos e a sua direção e, por extensão, à Associação dos Empregados da NUCLEP. Ao mesmo tempo repudiamos a tentativa de coação da direção da NUCLEP aos trabalhadores da empresa que estão lutando contra a redução de salários. A imposição pela justiça de multa diária de valores estratosféricos é um absurdo desse tempo em que o autoritarismo reina no país. Mas a resistência tem sido a arma que a classe trabalhadora tem usado para garantir seus direitos. E é o que a categoria da NUCLEP tem feito, resistir às ameaças e correndo atrás dos prejuízos”, afirmou o presidente da CTB-RJ.

Apesar de toda pressão, os trabalhadores estão mantendo a greve na luta contra os cortes de salários:

“A categoria está unida e forte na luta. Apesar de toda pressão que a direção da empresa vem fazendo. Queremos negociar e resolver essa questão, apesar de toda a intransigência e práticas antissindicais que estamos sofrendo”, avalia Jesus Cardoso, presidente do Sindimetal-Rio.

O presidente estadual do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), João Batista Lemos, também participou do ato e manifestou solidariedade aos trabalhadores da Nuclep.

Confira o vídeo do presidente do PCdoB-RJ no ato:

 

 

 

*Sindimetal-Rio