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Em entrevista, Lívia Miranda, professora da rede pública e dirigente do PCdoB em Petrópolis, falou sobre a situação da cidade após a tragédia provocada pelas fortes chuvas.

 

Lívia Miranda, que foi candidata à prefeitura de Petrópolis nas eleições de 2020, também reafirmou que o investimento em políticas públicas é fundamental para evitar os desastres que assolam diversos municípios brasileiros.

 

Confira a entrevista na íntegra:

 

 

  1. Como vem sendo a mobilização do Partido diante da tragédia de Petrópolis?

 

O PCdoB organizou sua militância e seus quadros nas frentes solidárias de atenção às famílias vítimas da tragédia, bem como na doação e arrecadação de donativos. A participação da União da Juventude Socialista (UJS) merece um destaque especial pelo fato de estar, desde o dia seguinte da tragédia, mobilizada na prestação de auxilio para as comunidades mais atingidas. Os dias seguintes ao desastre demandaram da nossa militância uma dinâmica, atuando nos pontos de apoio mais próximos da residência e naqueles com maior necessidade de voluntários. Todos os dias, os comunistas estiveram ao lado do povo. O partido está completamente envolvido nas ações de solidariedade, bem como, participando dos trabalhos de recuperação da cidade, em especial, no Centro de Cultura – local de referência para atividades e manifestações artísticas.

 

  1. Qual é a relação entre a tragédia e a carência de políticas públicas?

 

Especificamente sobre a tragédia, ainda são necessários estudos para averiguar os fatores que contribuíram para tal acontecimento, no entanto, Petrópolis (como diversas cidades do país) lidam com problema da moradia segura. Ou seja, existe um acúmulo de ausência de políticas públicas federal, estadual e municipal que garantam condições seguras de habitação. Soma-se a isso os fatores ambientais, o aquecimento global, o desmatamento, o descaso com o meio ambiente, a geografia da cidade e os fatores socioeconômicos. Tudo isso alinhado ao gigantesco volume de chuva concentrado em uma região específica da cidade de característica populosa e urbanizada, tivemos por resultado a catástrofe com um quantitativo enorme de vidas ceifadas e milhares de petropolitanas e petropolitanos desabrigados. Um paralelo a isso é a urgência de debatermos o “sonho da casa própria” pela compreensão do “direito à casa própria e segura”. Na nossa concepção, há que se tratar a casa como um direito à dignidade de todas e todo. Nisso, há que se envolver a comunidade, a sociedade civil e o poder público para a construção de moradias que atendam aos anseios do povo, que respeitem as raízes históricas das pessoas e que evitem a concepção de que morar no morro é um problema. O morro pode ser seguro, para isso podemos envolver os técnicos da construção civil, arquitetura, urbanismo, engenharia e demais áreas que elaboram e pesquisam a construção de cidades inteligentes e sustentáveis. É para isso que devem voltar as políticas públicas: para garantir que cada uma e cada um tenha um teto e que ninguém mais seja vítima de tragédias como a que enfrentamos agora.

 

  1. Neste momento, qual é a situação da cidade?

 

Além da tristeza profunda, da perda de pessoas queridas, do sentimento de impotência diante da água, da lama e da força da natureza, há uma esfera de solidariedade. No entanto, sabemos que as doações irão diminuir, ao mesmo tempo que a comoção nacional for substituída por outra tragédia, porém a necessidade do povo ainda vai carecer de muita atenção do poder público, das organizações, dos movimentos sociais e da sociedade civil. Infelizmente, mesmo no cenário de catástrofe, o capitalismo mostra sua face mais vil, pois com o cadastramento das famílias no aluguel social, a especulação imobiliária acarreta o aumento do valor dos imóveis. Portanto, existem muitas urgências e muitas delas podem ser solucionadas com vontade política, mas também com a sensibilidade humana em atender a necessidade das famílias que atravessam um período de luto pelas perdas de entes queridos e de bens materiais. Objetivamente nossa cidade conta com apoio dos governos e do povo petropolitano para encontrar os corpos ainda soterrados pela lama, para liberar as vias públicas, limpar o estrago feito pela lama e recuperar as construções que não sofreram danos estruturais. Em resumo, o povo petropolitano, ao mesmo tempo que enfrenta a dor causada pela tragédia daquela terça-feira, tenta se reerguer para honrar todas e todos que se foram. Nossa luta é para que nunca mais nenhuma petropolitana e petropolitano morra em decorrência das chuvas e para que nunca mais tenhamos que passar pelo que passamos no dia 15/02/2022.

 

  1. Como e onde as pessoas podem contribuir com as vítimas?

 

O PCdoB e os coletivos que compomos direcionam nossas doações para o Centro de Defesa dos Direitos Humanos – CDDH. É uma instituição séria, comprometida com as lutas e causas justas da nossa sociedade. Quem puder contribuir, nós pedimos que DOEM através do Pix do Grupo Ação, Justiça e Paz (Centro de Defesa dos Direitos Humanos – CDDH): 27.219.757/0001-27. Garantimos que todas as contribuições chegarão aos mais afetados pela tragédia em nossa cidade. Uma outra alternativa é a doação para a campanha Petrópolis Solidária organizada pela prefeitura de Petrópolis (Pix: 29.138.344/0001-43).